Em conclusão, esta minha reflexão sobre tal termo apenas vem realçar que mesmo nos momentos de maior satisfação e felicidade, existem sempre coisas que podiam acontecer para melhorar essa situação. Assim, é por isso que se dão os sonhos, ou seja, o desejo de perfeição.
Gonçalo, Rodrigo e Bernardo, 9ºC
PROJECTOS - 3º Ciclo
A propósito da leitura da obra de Manuel da Fonseca, Aldeia Nova ...
poemas e contos
NÉVOA
Andam pela rua
Pela ruela e pelo beco.
Mas pergunta-lhes onde andam,
Respondem sem alento.
Assustam as crianças,
E repelem os adultos.
Não interessam a ninguém,
São pobres e incultos.
Bêbados como Zé Limão,
Que vive só para morrer.
Que ora bebe para agradar,
Ora se agrada ao beber.
São eles os bêbados,
Coisas que vagueiam por aí,
Sem rumo,
Sem destino…
São eles os bêbados,
Homens com corações destroçados,
Que já amaram
E até já foram amados…
Joana Pereira
Rodrigo Varandas, 9º D
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ESCRITOS - 2º Ciclo
A VIDA NA QUINTA
A vida na quinta é muito divertida. Logo pela manhã, é preciso dar de comer aos animais, ou seja, pôr palha fresca ao cavalo e à vaca, dar comida aos porcos, aos carneiros, às ovelhas, aos vitelos, aos burros e à restante bicharada que por lá se passeia.
A correria começa cedo, com o transporte dos animais dos estábulos para as respectivas cercas onde vão passar o resto do dia. Às vezes, é muito complicado conduzi-los, pois, teimosos como são, alguns animais querem antes passear fora das suas cercas.
Mas ainda é preciso mais cuidado quando chega a hora de alimentar as galinhas, os gansos e o pavão com as suas penas coloridas, pois estes são bichos muito nervosos e agitados. Os gansos, com o seu pescoço muito esticado, parecem olhar o mundo de cima e as galinhas, com um ar tonto, andam às voltas à procura de um qualquer bocado de milho esquecido no chão.
Todos os animais da quinta gostam muito do calor do sol e de receberem a visita de pessoas, pois sabem que, nas suas malas, há sempre uma cenoura para o cavalo e para o burro e um pedaço de pão para as galinhas e para os gansos.
Mas nem todos os animais se portam bem na presença das visitas, pois as ovelhas mais velhas atropelam os pequenos cordeirinhos e não os deixam chegar às guloseimas. Os vitelos batem com os chifres uns nos outros e as galinhas bicam-se umas às outras.
De longe, o jardineiro, que cuida da horta, vai vigiando os animais e vai-lhes fazendo companhia, enquanto rega as árvores de fruto e as verduras que crescem um pouco mais em cada dia. Os dois cães da quinta estão sempre de guarda nas suas casotas, tendo como companhia os vários espantalhos que se agitam na horta consoante o vento os faz balançar.
Há uma semana, nasceu um gatinho na quinta e, para ele estar protegido, foi colocado numa pequena gaiola, onde passa os dias a dormir e a ronronar de satisfação. Ao seu lado, está a gaiola dos periquitos, que parecem agitados com a presença deste novo vizinho e agitam as penas, mostrando o seu ar assustado.
Os porcos pretos chafurdam na sua pocilga com um ar muito pouco limpo, mas muito divertidos. Estão cada vez mais gordos e preguiçosos e enchem o ar de guinchos ruidosos. Eu não gostaria nada de partilhar com eles a sua casa. Os cavalos relincham, as ovelhas balem, as galinhas cacarejam, os pássaros chilreiam, os burros zurram e os cães ladram, formando juntos uma música que enche o ar de barulhos e de sons.
Bom, e a noite vai chegando. Todos os animais recolhem aos seus estábulos. O silêncio vai chegando e já se ouve só o som da água do ribeiro e o som do vento por entre as árvores. O sol já se foi deitar e é a vez da lua e das estrelas mostrarem a sua luz. É mais um dia que acaba na quinta, mais um dia cheio de alegria, de cor e de vida.
Margarida Bessa
5º G O GOLFINHO ABU Abu era um golfinho muito belo, simpático e brincalhão. Um dia, viu uma rapariga muito bonita numas rochas e foi ter com ela.
– Olá, golfinho! Queres brincar?
Abu, para demonstrar que queria, mergulhou e, depois, deu um grande salto no ar. A menina sorriu e disse:
– Vamos jogar à apanhada, pode ser? Mas é dentro de água e tu tens uma grande vantagem!
Abu ficou contente. Depois de jogarem à apanhada, escreveu, na areia molhada, o seguinte:
– Podes falar-me sobre a Terra?
– Ok! Olha, a Terra é um lugar em que há sítios maravilhosos, com paisagens lindas, só é pena andarem a destrui-las, só para construírem mais prédios e fábricas. Estas criam muita poluição, o que não faz nada bem ao ambiente. Precisamos das árvores, são elas que nos dão oxigénio para viver. Os homens são muito maus, tens de ter cuidado... Também caçam animais só para ganharem dinheiro e assim perdemos muitas espécies, que estão em vias de extinção.
– Marisa, vem para casa! – chamou a mãe da bela menina.
– Adeus, golfinho! Ah, já agora... Como te chamas?
E Abu escreveu:
– Abu. Adeus, Marisa, gostei muito de te conhecer e falar contigo!
– Adeus. És muito simpático, amanhã venho para aqui outra vez. Até amanhã!
No dia seguinte, Abu e Marisa voltaram a encontrar-se, brincaram e falaram muito. Ficaram grandes amigos... pelo menos, na minha imaginação...
Madalena Coelho
5º E UMA AMIZADE MARÍTIMA
Era uma vez uma sereia chamada Miranda. Ela tinha os cabelos negros como o carvão, olhos azuis como o mar e a pele delicada como a seda. Miranda era uma das cinco filhas de Tritão, o Rei dos 7 Mares. Era a filha mais velha, mas a mais irresponsável; era tímida, por isso não tinha amigos e também não era muito popular.
Um dia, enervou o seu pai, discutiu e foi para o seu quarto choramingar. Foi aí que teve a ideia de fugir do palácio.
Partiu à meia-noite para o abismo de fogo; era suposto ir para o coral das esmeraldas mas, como era de noite, enganou-se no caminho.
Assustada, teve de fugir de tubarões, polvos perversos e monstros marinhos.
Quando finalmente conseguiu parar para descansar, torceu a sua cauda e não conseguia nadar, já faltando pouco para sair do abismo.
Mas eis que, de repente, apareceram um peixe-palhaço e um cavalo-marinho, que viram Miranda e a salvaram. Passavam todo o tempo juntos depois desse acontecimento e juraram ser os melhores amigos para sempre.
Ana Eduarda Souza
5º E HENRIQUE E O PÁSSARO FERIDO
Henrique era um menino muito simpático.
Numa tarde de sol, no fim-de-semana, Henrique foi à Serra de Sintra passear. Enquanto passeava, passou por uma árvore da qual caiu um animal. Era um pássaro ainda muito pequeno, que não tinha os pais perto dele para o proteger. O pássaro estava ferido na asa devido ao embate no chão, pois tinha tentado voar antes de cair, mas ainda não o sabia fazer.
– Oh! Coitado! É melhor levar-te ao veterinário para tratar de ti – disse Henrique, enquanto pegava nele com muito cuidado, para não o aleijar.
Quando chegou, Henrique contou o que tinha acontecido ao pássaro. O pássaro foi operado e, a seguir, apareceu com uma ligadura na asa.
– Ele vai ficar bom se alguém o proteger – disse o médico, com o pássaro na mão.
– Eu posso ficar com ele – disse Henrique.
Então, o médico deu-lho com muito jeitinho, para não o magoar. Partiram juntos para casa de Henrique, onde foram recebidos com muita alegria.
Ao fim de poucas semanas, Henrique apercebeu-se que a asa do pássaro já estava boa e também viu que ele já conseguia voar. Soltou-o pela janela e, a voar, seguiu o seu destino, sozinho e sem problemas.
Henrique Martins
5º A O VALENTE CAVALEIRO
Era uma vez um cavaleiro que tinha uma armadura preta, uma espada sagrada, rodeada por uma luz roxa, um capacete muito resistente e um escudo tão potente que só com uma pancada matava um homem.
Era um dos melhores guerreiros do reino da Dragónia. Era capaz de combater contra fénix, hidras, dragões, ogres e ciclopes.
Um dia, o rei da Dragónia mandou-o ir salvar uma jovem que havia sido raptada por um mago maléfico.
Preparou o seu cavalo castanho, o mais veloz que possuía, e começou a sua viagem para o local onde o mago tinha levado a jovem.
Como era um valente guerreiro, nada o assustou e continuou o seu percurso até encontrar uma floresta cheia de ogres e outras criaturas horrorosas. Lutou com essas criaturas e, depois de as ter vencido, foi encontrar uma aldeia onde descansou e aproveitou para comer qualquer coisa, pois o seu estômago já reclamava com falta de alimentos.
Continuou a sua viagem logo pela manhã. Finalmente, encontrou o castelo do mago onde a jovem se encontrava sequestrada.
O mago, quando viu aquele cavaleiro, lançou um dos seus feitiços para assim o poder vencer. Mas o cavaleiro, com a sua espada sagrada, fez com que o feitiço voltasse para o mago e o transformasse num pobre sapo.
Sem ninguém que lhe pudesse fazer frente, o cavaleiro montou a jovem na garupa do seu cavalo e foi levá-la ao rei da Dragónia.
Quando o rei viu a sua amada a salvo, pegou num saco cheio de ouro e entregou-o ao cavaleiro, como recompensa pelo seu serviço.
Luís Carvalho 5º A
A FADA DA FELICIDADE
No país das fadas, a fada favorita da rainha era a fada da felicidade. Porquê? Porque trazia felicidade a toda a gente que estivesse zangada ou triste.
Essa fada tinha muitas amigas e, para além de ser muito honesta e feliz, era também bonita. Tinha cabelos louros encaracolados, olhos azuis, usava vestidos cheios de brilhantes e nunca largava a sua mala, que tinha a forma de um coração vermelho. Dentro dessa mala, estava o seu bloco de notas perfumado, a sua caneta cor-de-rosa e os seus pós da felicidade, que faziam as pessoas felizes e muito sorridentes.
Um dia, a rainha chamou-a aos seus aposentos e disse-lhe:
– O rei está muito doente. A bruxa malvada lançou-lhe um feitiço e, como sei que o mago do reino não sabe guardar um segredo, achei que podia contar contigo.
A fada da felicidade prometeu vir, no dia seguinte, com a solução.
Ficou acordada a noite inteira, no seu laboratório. Quando terminou a poção, os primeiros raios de sol incidiam nas flores que, cobertas de orvalho, abriam as suas pétalas graciosas.
Foi para o palácio, passando pelos caminhos mais curtos, pois estava com pressa, mas ao mesmo tempo ensonada.
Quando chegou, quem lhe abriu a porta foi um empregado com os olhos semicerrados e que lhe indicou a porta do quarto da rainha. Esta recebeu-a ainda de pijama, mas prontificou-se logo a ouvi-la. A fada deu-lhe a poção e ela foi rapidamente dá-Ia ao rei.
Ele abriu os olhos devagar e a rainha disse-lhe que foi a fada da felicidade que o ajudou. Ele agradeceu-lhe muito, ofereceu-lhe um colar cheio de diamantes e brilhantes e disse-lhe:
– Fica-te muito bem. A rainha tem um igual. Quando a fores visitar, leva esse colar. Ela lembrar-se-á que tu me salvaste a vida.
A fada da felicidade agradeceu muito ao rei e à rainha, e começou a usar sempre o colar que o rei lhe ofereceu.
Maria Inês Silva
5º C
O CARNAVAL
O Carnaval é uma época festiva
Cheia de máscaras e surpresas
Diversão e muitas brincadeiras
E aranhas nas sobremesas
No Carnaval aparecem os palhaços Com as suas palhaçadas
Às vezes muito engraçadas e outras vezes sem graça
Mas sempre para nos animar
O Carnaval é muito divertido
Com muitos sustos e partidas
Muitas delas um pouco embaraçosas
E outras muito divertidas
Ana Mafalda Maló Hipólito
Nº2 6ºN
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A PEQUENA LAGARTA
Era uma vez uma pequena, muito pequena, mas mesmo muito pequena lagarta, que se chamava Lita e vivia numa quinta junto a um lago.
Ninguém gostava da pobre Lita! Ela não tinha amigos e todos os seus conhecidos gozavam com ela, por ser pequena, lenta e feia. Por esse motivo, a Lita achava-se desajeitada e sem graça e estava sempre triste, o que não ajudava a sua situação.
– Ela é tão feia! Ah, Ah, Ah! – dizia a minhoca, a rir-se às gargalhadas. Apesar de ser tão feia quanto a Lita, a minhoca verde achava-se a mais habilidosa e esbelta de toda a espécie de rastejantes.
– Ela é tão lenta! – exclamava o caracol. Mais lento do que a Lita, o caracol justificava a sua falta de rapidez por gostar de passear-se com a sua bela casa às costas.
– Ela é tão pequena! – gritavam todos ao mesmo tempo à volta da pobre Lita. Muito embora todos os que a criticavam fossem tão ou mais pequenos do que ela, isso não os impedia de gozarem com a lagarta que, assustada, se escondia de tudo e de todos.
Certo dia, a lagarta ficou escondida durante tanto tempo que ficou presa no seu próprio casulo. Do cima da árvore onde se tinha instalado, podia ver e ouvir as conversas dos restantes animais, que se questionavam sobre o que lhe podia ter acontecido.
– Provavelmente foi comida por aquele passarão que sobrevoou a quinta, a semana passada. – diziam uns.
– Não! – exclamavam outros. – Ela escorregou e foi comida pelos peixes do lago.
Com a chegada da Primavera, a pequena lagarta começou a sentir-se apertada no seu casulo. Ela achava-se estranhamente diferente, com vontade de voar.
Numa soalheira manhã, a lagarta deixou o seu casulo e inesperadamente voou, voou, voou. Passou por cima do lago e olhou para baixo, observando os peixes vermelhos que salpicavam o azul das águas do lago. Maravilhada, mirou uma elegante e colorida borboleta, cuja imagem se reflectia no lago. Misteriosamente, a imagem da borboleta seguia-a para todo o lado. Aproximou-se da beira do lago e sentou-se a descansar. Debruçou-se sobre o lago para ver a sua imagem e deu um grito, assustada. A bela borboleta estava a olhar para ela, como se fosse o seu espelho. Voltou a olhar e voltou a ver a borboleta. Com alegria, compreendeu que se tinha transformado e que o seu corpo de lagarta era agora o de uma deslumbrante borboleta. Voou, então, para junto dos seus conhecidos e disse:
– Olá, eu sou a Lita! Lembram-se de mim?
A minhoca e o caracol olharam espantados para a bela borboleta e, de imediato, reconheceram os olhos da lagarta que, agora, apresentavam um brilho de felicidade. Invejosos, exclamaram com pouco entusiasmo:
– És uma bonita, grande e veloz borboleta!
Sara Silva
5º C
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PROJECTOS
Aqui estão alguns dos projectos do 8ºC do ano passado. Leiam e enviem a vossa opinião.
LIVRO DE CONTOS
(Carrega nas imagens e descarrega o ficheiro)
LIVRO DE POESIA
REVISTA
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CONCURSO
Logo no início do ano, algumas turmas do nono ano participaram no concurso da VisãoJúnior - 3 objectos para uma ilha deserta.
Apresentamos-te alguns dos escritos. Esperemos que gostem e comentem.
Sozinho na pouco real ilha de Miragem
Estava eu sentado numa daquelas cadeiras desconfortáveis, típicas dos nossos queridos centros de saúde nacionais, à espera de ouvir o meu lindo nome, o qual vos passo a apresentar: Rafael Galina, num dos altifalantes da sala de espera, a suar em bica devido ao extremo calor sentido nesse dia, farto de ler revistas antigas, como, por exemplo, uma “Visão” de Outubro de 1993, quando me virei para uma senhora que estava ao meu lado e suspirei:
- Ai... O que eu daria para estar numa ilha tropical...
Pena tive eu quando soube que o meu suspiro foi em vão, visto que a senhora era surda. No entanto, isso não interessa para nada pois, ao fim de mais ou menos 3 horas, lá obtive a minha consulta de rotina, destinada principalmente a uma revisão sobre os meus problemas de asma.
Eram já umas tardias dez horas da noite, quando cheguei a casa, cansado de todo aquele centro de saúde, de toda aquela espera, de toda aquela consulta... Deste modo, e como não tinha fome, deitei-me logo na minha cama, onde dormi toda a santa noite. Nem esperei pela minha mulher, a Clara, que nesse dia ainda estava a trabalhar.
Já no dia seguinte, acordei sobressaltado à procura do candeeiro da mesinha de cabeceira, como normalmente faço. Como não o encontrei, abri os olhos... Eis então que percebo que estou numa praia, por sinal muito quente. Olhando para trás e ouvindo o som de araras, deparo-me com uma imensa e densa selva. Bem, sendo assim, só poderia estar em território tropical. “Seria então uma ilha ou apenas uma região? Estaria sozinho? O que haveria eu de fazer?”
De repente, cortando-me o pensamento (que é de resto uma das coisas que eu odeio que me façam), uma voz grave faz-se ouvir:
- Bom dia, Sr. Rafael!
- Como é que sabe o meu nome? – respondo eu apressadamente.
- Isso agora não interessa. A única coisa que lhe posso dizer é que o senhor se encontra numa ilha deserta, a ilha de Miragem, onde irá ficar por algum tempo. A única coisa que me pode pedir são três, e apenas três, objectos. Aconselho-o, portanto, a escolher coisas úteis e simples... – afirmou a voz.
- Ah... Pois... Sim... Vamos lá a acabar com este sonho... – disse eu, beliscando-me de seguida.
- Eu não me fiava nisso. – respondeu-me a voz. – A dor que o senhor sente parece-me muito real...- avisou-me a voz.
- Bem, talvez... – afirmei eu, já com os braços vermelhos de tantos beliscos. – Mas, então, diga-me o que faço aqui!
- Como já disse, não lhe posso contar nada sobre isso, nem contarei. Ou me pede os três objectos ou nunca mais falo consigo. – avisou a voz.
- Está bem... Isto tem electricidade? – perguntei eu.
- Parece-me óbvio que não, se é deserta, ou seja, não tem ocupação humana... – disse-me a voz com desprezo.
- Muito bem... Sendo assim, pode ser um canivete suíço, que me parece uma escolha bastante boa devido à sua utilidade. Além disso, a minha bomba asmática também é indispensável. Para finalizar, e como também tenho pavor a insectos e me encontro numa ilha tropical, o melhor é pedir um insecticida. Só é pena não puder sair daqui. Olhe que eu sou um adulto muito frágil. Tire-me daqui!! – pedi eu, desenfreadamente.
- Cale-se, por favor! Que coisa estranha... Bem, os seus desejos serão realizados, dentro de pouco tempo. Espere um pouco. Adeus e boa estadia!
Foi com estas palavras que a voz se despediu de mim, deixando-me ainda mais confuso. “Quem estaria a falar comigo?” Como sou ateu, não acreditei que fosse Deus.
Mesmo assim, é normal pensarmos nisso em casos destes, especialmente eu, que sou um adulto um pouco infantil, confesso.
Seguidamente, e diria no tempo certo, os três objectos aparecem-me à frente. O primeiro que utilizei foi a bomba asmática, visto já estar a ficar um pouco com falta de ar devido a tanto nervosismo. Depois, como estava com fome, dirigi-me a um dos muitos coqueiros que se encontravam ao longo da praia e retirei um dos seus frutos. Utilizando o canivete, cortei-o com alguma dificuldade e matei a minha fome. De repente, surge-me à frente um insecto enorme parado no tronco da árvore. Foi realmente a melhor altura para o fazer, pois já estava a ficar assustado... Assim, percebi realmente a qualidade das minhas escolhas de objectos e fiquei orgulhoso de mim mesmo. No entanto, o orgulho foi rapidamente substituído por um misto de medo, preocupação e impotência. Este último era talvez o sentimento abrangente, pois a única pergunta que me vinha à cabeça era: “O que posso eu fazer?”
O resto do dia passei-o a pensar e a utilizar a minha bomba asmática, escondido nos meus próprios braços. Adormeci devido aos meus próprios nervos. Nem sequer ouvi os medonhos sons da noite.
Na manhã seguinte, acordo com o som ensurdecedor das araras a cantar. Pior ainda foi que estava a chover... Sendo assim, tive de me deslocar para a floresta, onde me protegi debaixo de uma palmeira. Logo de seguida, lembrei-me dos animais perigosos que ali poderiam existir e voltei à praia.(Sim, como já deu para entender, sou um adulto com muito medo.) O melhor local que encontrei para abrigo foi uma minúscula gruta rochosa perto do mar. Assim, para lá me desloquei...
Qual não é a minha surpresa quando, sem nada prever, encontro uma câmara de filmar dentro da gruta. Pensando bem, aquilo era de certeza sinal humano. Deste modo, comecei a gritar por ajuda, para que alguém me ouvisse. Ninguém respondeu... Com os nervos que tinha, decidi partir a câmara. Passado pouco tempo, por de trás de toda a floresta surgiram homens e mulheres carregados de material para filmagens. Como é óbvio, pedi explicações. Disseram então que aquilo tudo eram gravações para um novo reality-show da televisão nacional e eu era um dos concorrentes. Então, perguntei porque é que me tinham escolhido e porque é que não me avisaram sobre nada. Obrigatoriamente, começaram a contar: como tinham ouvido o meu suspiro no centro de saúde, seguiram-me até ao meu próprio lar. Aí, perguntaram à minha mulher, que nesse dia tinha chegado mais tarde a casa, como vocês sabem, se gostaria que eu participasse no programa. Explicaram-lhe o formato e ainda lhe disseram que iria concorrer com mais três pessoas que sabiam tanto quanto eu sobre aquilo tudo e que estariam, e estavam realmente, situadas noutras partes da ilha, separadas de mim por paredes escondidas na floresta. O prémio final para quem sobrevivesse mais tempo naquele ambiente era de 15 milhões de euros. A Clara (minha esposa), doida como é por dinheiro, aceitou, pensando ingenuamente que eu também aceitaria. No dia seguinte, já estava na ilha. Os responsáveis pelo programa tinham-me adormecido com uma substância não perigosa para a minha saúde, que mesmo assim é proibida no nosso país. Deste modo, não acordei durante a viagem que fizemos no jacto particular da estação televisiva. Tudo isto sob aceitação da minha mulher.
Finalmente, falta-me só contar a minha situação actual. Passados quinze dias desde o primeiro dia que cheguei à ilha de Miragem, nome escolhido pelo desejo que as pessoas tinham de ganhar dinheiro, sinto-me bem, apesar dos problemas que tenho. Devido ao facto da minha esposa me ter inscrito no programa, já iniciei um processo de divórcio. Além disso, juntamente com os outros concorrentes, instaurei uma queixa no tribunal contra o programa , o qual nem chegou a estar no “ar” e que seria a maior produção alguma vez feita em Portugal. Segundo o meu advogado e a imprensa, eu e os outros participantes poderemos vir a receber uma indemnização de 10 milhões de euros devido ao facto da realização do programa não ter informado os concorrentes sobre as regras e devido também a danos morais. Além do mais, a minha mulher deverá responder ao juiz por cumplicidade junto com todos os outros familiares que inscreveram os meus colegas nisto tudo. Já para não falar nos responsáveis da estação televisiva, já falida, que deverão apanhar uns bons anos na cadeia. Bem, que grande trapalhada... - pensarão vós, com toda a razão. Neste momento, só me resta assim esperar pelo dinheiro para recomeçar a minha vida. E dou-vos um conselho: não voltem a suspirar alto... Nem que seja para pessoas surdas...
Diogo e Gonçalo, 9ºC